Folha de São Paulo – Newsletter Combo
O Estatuto Digital da Criança e do Adolescente, o ECA digital, aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado em setembro pelo presidente Lula (PT), forçará empresas desenvolvedoras de grandes jogos a mudarem seus modelos de negócio. Além do reforço na segurança de conversas em espaços de interação online, a lei proíbe o uso de “loot boxes” em games acessíveis a crianças. O sistema de monetização é conhecido por entregar, geralmente, caixas ou cartas de recompensa que desbloqueiam itens ou habilidades nos jogos, das mais comuns às mais raras.
George Valença, professor associado do Departamento de Computação da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco) e integrante do Grupo Aspas de pesquisa, afirma que as caixas de recompensa minam, inclusive, o entretenimento e a diversão dos jogos, já que mudam o foco do jogo para o hábito de comprar itens. O professor vê uma tendência mundial de questionamento desse modelo de negócios, devido, segundo ele, ao design manipulativo das caixas, que recompensa o progresso no game. Além da estrutura de jogo de azar, os itens são cada vez mais considerados práticas predatórias. “Com o avanço dos algoritmos de inteligência artificial, há jogos que ajustam o momento em que a ‘loot box’ é oferecida ao jogador. Ou seja, é uma forma de controlar o tempo e até os horários do usuário, manipulando o seu comportamento.”