Design enganoso e manipulativo em plataformas digitais – um mapeamento entre estudos empíricos e reflexões para regulação

George Valença

A ascensão das plataformas digitais transformou as interações entre usuários e tecnologias, trazendo desafios éticos, como a disseminação de padrões de design enganosos e manipulativos. Essas práticas exploram vieses cognitivos e vulnerabilidades psicológicas, promovendo comportamentos viciantes, afetando a autonomia e comprometendo o bem-estar dos usuários – especialmente crianças e adolescentes. Apesar do avanço de taxonomias e estudos sobre o tema, ainda há lacunas em termos de regulamentação e diretrizes para enfrentar esse problema. Neste artigo, investigamos os impactos de padrões antiéticos de design por uma abordagem qualitativa. Realizamos duas oficinas com pesquisadores e estudantes de Ensino Superior para mapear tipos de design manipulativo e enganoso em plataformas de software. Em seguida, associamos esses achados às contribuições sobre design antiético identificadas na consulta sobre regulação de plataformas digitais do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Os resultados destacam a urgência de regulações e iniciativas de letramento digital específicas, além de práticas de design que priorizem o bem-estar dos usuários. As reflexões finais apresentam um modelo que nos descreve esse cenário e nos permite traçar estratégias para promover uma reflexão crítica sobre escolhas nas plataformas, abordando também o conceito de padrões justos ou iluminadores de design. Acreditamos que este estudo contribui para discussões sobre um design responsável, oferecendo subsídios para responsabilização de empresas por práticas antiéticas e propondo diretrizes para tecnologias mais inclusivas.

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